quinta-feira, novembro 10, 2005

Para alguém que foi e já não é... Apenas uma lembrança em uma noite solitária....

Eu naufraguei no porto seguro dos meus sonhos....
Eu descobri que quem mente uma vez, irá mentir para sempre...
Não sei como definir o que estou sentindo nesse momento, não sei como expressar...
Mas acabei de voltar do inferno...
Acabei de ver um sonho desabar na muralha da perdição.
Sonhar algumas vezes dói demais...
Ser que povoou meus sonhos por tanto tempo..
Criatura a qual eu fiz castelos de cristal em bases de areia...
Por que tantas mentiras na nossa caminhada?
Por que acreditar que nada pode ser bom o suficiente para ser inesquecível...
Música, poemas, solidão, que definição tem as palavras diante de tuas imensas mentiras?
Como pode se ter tanto medo de algo assim, tenho medo de você hoje.
Acho sua presença nociva, destruidora, incapacitada..
Não entendo o que me levou a te amar tanto assim.
Clamo que aquele que domina as consciências me escute e te arranque de mim.
Por que já não suporto essa dor da culpa do não dar certo jamais.
Quero sol na minha janela
Quero lua na minha estrada
Quero o aconchego da alma que pode sossegar com um acalanto.
Quero a paz do dia em que se sentiu o cheiro da chuva na terra molhada..
Quero tudo onde você não entre.
Hoje o dia é de perca.
Dia de abandono. Dia de estrada chuvosa.
Mas mesmo assim é também dia de recomesso.
Por que jamais o sol deixa de brilhar
Como disse o poeta, o tempo não para.
Hoje vou continuar.
Hoje vou te dar adeus.
Não como sempre fiz,
Agora é diferente,
Percebi que te matei em mim...
E choro por que cultivei um fantasma.
Matei tudo que foi nosso.
E junto com você criei mais uma ultima mentira.
Uma mentira onde o amor existia.
Mas agora abro os olhos.
E saber que você não está lá, é ao mesmo tempo doloroso e libertador....
Alforriei-me.
Comprei minha liberdade com lágrimas de sangue jamais choradas.
E hoje, hoje é gargalhar, ou lamentar.

Quem é Karla????


Acabei de perder um post tão bem escrito, (por mim, claro, HOHOHO)
Que raiva.......


Para viver um grande amor

Para viver um grande amor, é preciso muita concentração e muito siso, muita seriedade e pouco riso — para viver um grande amor.
Para viver um grande amor, mister é ser um homem de uma só mulher; pois ser de muitas, poxa! é de colher... — não tem nenhum valor.
Para viver um grande amor, primeiro é preciso sagrar-se cavalheiro e ser de sua dama por inteiro — seja lá como for. Há que fazer do corpo uma morada onde clausure-se a mulher amada e postar-se de fora com uma espada — para viver um grande amor.
Para viver um grande amor, vos digo, é preciso atenção como o "velho amigo", que porque é só vos quer sempre consigo para iludir o grande amor. É preciso muitíssimo cuidado com quem quer que não esteja apaixonado, pois quem não está, está sempre preparado pra chatear o grande amor.
Para viver um amor, na realidade, há que compenetrar-se da verdade de que não existe amor sem fidelidade — para viver um grande amor. Pois quem trai seu amor por vanidade é um desconhecedor da liberdade, dessa imensa, indizível liberdade que traz um só amor.
Para viver um grande amor, além de fiel, ser bem conhecedor de arte culinária e de judô — para viver um grande amor.
Para viver um grande amor perfeito, não basta ser apenas bom sujeito; é preciso também ter muito peito — peito de remador. É preciso olhar sempre a bem-amada como a sua primeira namorada e sua viúva também, amortalhada no seu finado amor.
É muito necessário ter em vista um crédito de rosas no florista — muito mais, muito mais que na modista! — para aprazer ao grande amor. Pois do que o grande amor quer saber mesmo, é de amor, é de amor, de amor a esmo; depois, um tutuzinho com torresmo conta ponto a favor... Conta ponto saber fazer coisinhas: ovos mexidos, camarões, sopinhas, molhos, strogonoffs — comidinhas para depois do amor. E o que há de melhor que ir pra cozinha e preparar com amor uma galinha com uma rica e gostosa farofinha, para o seu grande amor?
Para viver um grande amor é muito, muito importante viver sempre junto e até ser, se possível, um só defunto — pra não morrer de dor. É preciso um cuidado permanente não só com o corpo, mas também com a mente, pois qualquer "baixo" seu, a amada sente — e esfria um pouco o amor. Há que ser bem cortês sem cortesia; doce e conciliador sem covardia; saber ganhar dinheiro com poesia — para viver um grande amor. É preciso saber tomar uísque (com o mau bebedor nunca se arrisque!) e ser impermeável ao diz-que-diz-que — que não quer nada com o amor. Mas tudo isso não adianta nada, se nesta selva oscura e desvairada não se souber achar a bem-amada — para viver um grande amor.

Vinicius de Morais